Como resgatar a cidadania e a sociabilidade para as pessoas com deficiência? Estocolmo e Londres respondem de forma muito simples: com mais acessibilidade

A inclusão é um direito garantido por lei e que, portanto, deve ser cumprido. É com mais inclusão, mais acessibilidade, que testemunhamos a pessoa com deficiência tornar-se independente e livre.

Mas a verdade é que não vemos muito empenho por parte do poder público para tornar a vida mais acessível. No Brasil, são pouquíssimos os lugares que entenderam a importância de se investir em adaptações e em como isso é significativo para quem vive dessa realidade.

Assim, é indispensável olhar de forma crítica e nos inspirarmos em locais onde a acessibilidade é considerada a maior e melhor do mundo – e claro, usar de incentivo e orientação.

Na Europa, são dois grandes centros que entram para essa lista: Estocolmo e Londres.

Artigo veiculado no Jornal Metrópole de Guarulhos Ano IIII | Edição 408

A primeira, a capital da Suécia, implantou um projeto integral de acessibilidade há quase duas décadas. E mais, o próprio governo criou uma equipe heterogênea que junta representantes da sociedade e autoridades políticas, com o intuito de discutir assuntos relativos à inclusão e remodelar Estocolmo.

Assim, para manter a cidade no radar do que precisa ser melhorado e do que precisa ser consertado, o grupo reunido pelo governo realiza reuniões mensais e o mais interessante: realizam tours durante todo o ano em diversas áreas. Com isso, especialistas conseguem investigar e verificar o que pode ser feito nesses locais.

Além disso, contam com a tecnologia para criar e desenvolver projetos mais assertivos e com softwares de alto desenvolvimento para projetar intervenções e adaptações. Outro fato é que, para as inspeções, os profissionais utilizam óculos especiais que simulam situações que a pessoa com deficiência pode enfrentar.

Já no Reino Unido, estações de metrô, transporte, calçadas e estabelecimentos estão totalmente preparados para receber pessoas com necessidades especiais.

Também entra para a lista a Austrália e sua maior aglomeração urbana: Sydney. A cidade rodeia um dos mais famosos portos naturais, a Baía de Sydney, também conhecido como “Port Jackson”, e passou por uma grande revolução que trouxe várias adaptações em todo seu perímetro.

Com o movimento dos portos, todas as balsas que ali circulam contam com rampas para melhorar a acessibilidade. Além disso, lojas, restaurantes e acomodações também são adaptados e 100% dos táxis apresentam condições para receber cadeirantes.

É muito interessante quando olhamos e confrontamos com o que vemos no Brasil: falta de sinalização, calçadas esburacadas e carros parados em vagas ocupadas por pessoas que não possuem nenhum tipo de deficiência.

Talvez seja descaso das autoridades, falta de fiscalização, ou mesmo desatenção da própria população. A questão é que essa situação não deve continuar. Já passou da hora de nos inspirarmos em países desenvolvidos e fazer do Brasil um país com mais acessibilidade e com ela, mais dignidade.

DANILO PALMA

Foto: LightFieldStudios